sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Diretores estrangeiros vão filmar documentário sobre MMA na Cidade de Deus durante Jungle Fight
Wallid Ismail é personagem central do documentário 'Fighting men' - Foto de Gustavo Pellizon
RIO - Quase dez anos depois de o filme "Cidade de Deus" ter levado uma imagem de violência da comunidade carioca para o mundo, a favela está de novo na mira das lentes cinematográficas. A diferença é que desta vez o olhar vem de fora para dentro: os diretores Alex Harvey (britânico, da Kingsway Films) e Tommy Sowards (americano, da UCLA School of Cinema/Television) estão lá neste fim de semana para filmar o documentário "Fighting men", durante o Jungle Fight, um dos principais eventos de MMA da América do Sul, que acontece neste sábado (22). Os dois já foram finalistas do Emmy e dirigiram filmes para a BBC e Ben Harper, entre outros.

Centrado na figura do ex-lutador e empresário da luta Wallid Ismail, "Fighting men" vai focar particularmente na força positiva que o MMA exerce sobre a sociedade brasileira. No Rio, essa boa influência será mostrada na pacificação das favelas, principalmente na Cidade de Deus. Para isso, os diretores acompanharão o trabalho de lutadores na ajuda a sua comunidade.

- Cerca de 95% dos lutadores vêm de comunidades carentes. Mesmo se não vingarem como lutadores, podem ser bons professores onde cresceram. É justamente essa realidade que os americanos querem mostrar - diz Wallid Ismail.

Entre esses lutadores está Evandro Fernandes da Silva, de 21 anos. Nascido e criado da CDD, ele lutará pela primeira vez no Jungle Fight, neste sábado, e terá a responsabilidade de fazer bonito em casa. Evandro fará a luta de abertura, por volta das 20h, na categoria até 61kg, contra Leandro Caetano de Souza, o Feijão, morador do Complexo do Alemão. Para ele, a luta tem sabor de revanche, já que perdeu de Feijão no mês passado.
Evandro da Silva é uma das jovens revelações do MMA na Cidade de Deus - Foto de divulgação/Eduardo Siqueira
- Ele me finalizou na chave de perna e fiquei um dia com o pé inchado sem poder andar. Quando fiquei sabendo que seria contra ele, treinei mais chão já que estava me dedicando ao boxe. Não posso dar mole de jeito nenhum. Tenho que entrar para pegá-lo - diz Evandro, que tem como principal ídolo José Aldo.

Como todo jovem lutador de MMA, ele sonha brilhar no UFC. Evandro chegou a trabalhar com o pai numa serralheria, mas agora conseguiu um patrocinador que paga seu salário apenas para treinar. Segundo ele, o MMA é uma boa oportunidade para o novo momento que vive a CDD, após a pacificação:

- Também sonho abrir uma acadermia. O MMA está crescendo muito e, trazendo para a favela, crescerá mais ainda. Com a pacificação, deu uma melhorada legal. Antigamente, era muito traficante, e as crianças já conviviam com aquilo todo dia, no meio de um monte de pessoas armadas. Já perdi muitos amigos que entraram para essa vida e partiram para outra.

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