quinta-feira, 8 de setembro de 2011

UPP no Alemão começará a ser instalada em março, diz Beltrame

Secretário de Segurança falou em entrevista à rádio CBN.
Alemão tem conflitos entre militares e moradores desde domingo.


A Unidade de Polícia Pacificadora do Conjunto de Favelas do Alemão vai começar a ser instalada em março do ano que vem, segundo o secretário de segurança pública do Rio, José Mariano Beltrame. Em entrevista à Rádio CBN nesta quinta-feira (8), o secretário afirmou que os policiais vão chegar na comunidade de forma gradativa.
Segundo Beltrame, pelo menos nove bases administrativas serão montadas, além de bases comunitárias. Ao todo, o efetivo deve ser de 2.200 homens.
“Em primeiro lugar é claro que há previsão para essa instalação a partir de março, 500 homens em março, 500 em abril, 500 em maio e 700 em junho, mas a manutenção do Exército naquela área, no nosso entendimento, é muito maior que isso", disse o secretário.
Segundo ele, a ocupação do Alemão, que aconteceu em novembro do ano passado, foi antecipada. "O Alemão era para ser feito no final desse ano e no início do ano. O Exército veio, nos ajudou e está ajudando, e aí por que desfazer essa parceria?”, explicou Beltrame, ressaltando que a presença do Exército no Alemão permite o remanejamento de policiais militares para o patrulhamento em outras áreas do estado.
"A permanência dele (o Exército) lá nos permite devolver policiais para o interior, nos permite fazer alguns remanejamentos, botar alguns policiais em estágio em outras UPPs e atender o Alemão a partir de março dentro desse cronograma", completou Beltrame.
O governador Sérgio Cabral disse que a presença do Exército no Alemão tem um papel histórico e revolucionário e está ajudando muito o governo do estado a preparar a instalação da UPP já agora em março.
As Forças de Pacificação ficam até junho. Segundo o governador, os meses de abril e maio servirão como período de migração. Ainda segundo Cabral, a esmagadora maioria de moradores do Alemão aprova a presença das Forças de Pacificação.
“É evidente que existe tentativa de boicote, o que é natural que ocorra por conta daqueles que perderam o poder. Sem querer fazer uma ligação direta, na semana em que os houve episódios, houve também uma grande operação do Exército junto com a ANP (Agência Nacional do Petróleo) para combater a venda de botijões ilegais no Alemão. Isso causou um prejuízo enorme a quem vinha explorando a comunidade”, disse ele.
Cabral afirmou que o morro do Alemão era um hub, o que significa um grande centro de distribuição de atividades criminosas. As declarações do governador foram feitas na manhã desta quinta-feira (8) durante a inauguração da reforma da sede da Loteria do Estado do Rio de Janeiro, no Centro da cidade.
Para o governador, a redução da criminalidade nas áreas pacificadas foi tão significativa, assim como a valorização imobiliária, e isso acabou criando na sociedade uma expectativa "de que tudo estava resolvido. Mas não está, tem uma longa estrada a percorrer pela frente de integração asfalto-comunidade e de recuperação da dignidade dessas pessoas", afirmou.
Cabral disse que o Exército agiu de forma transparente ao divulgar imagens  de uma suposta venda de  drogas na Vila Cruzeiro. "É a prova que os tempos são outros. Temos um Exército com uma outra visão e com líderes democratas abertas que veem o papel das Forças Armadas de outra maneira".
Depois dos conflitos que assustaram os moradores do Conjunto de Favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio, a população retoma aos poucos a sua rotina. Segundo o coronel Nilson Maciel, comandante da Força de Pacificação, a madrugada desta quinta-feira (8) foi tranquila na comunidade. O patrulhamento segue reforçado na área.
"A população está agindo normal como todos os dias da semana", disse o coronel, que reforçou a informação de que não houve novos conflitos durante o feriado de 7 de setembro. "As coisas se inflamam e se apagam muito rápido aqui", explicou.
Traficantes de fora
Em coletiva na quarta-feira (7), o general Adriano Pereira Júnior, que está à frente do Comando Militar do Leste, disse que os confrontos no Alemão foram articulados por traficantes que estão em outras favelas e que querem voltar a dominar a área.
"Tenho certeza de que esse primeiro ataque no Alemão foi articulado por grupos em outras comunidades não pacificadas que estão querendo voltar ao Alemão", afirmou o general. Ele disse ainda estar investigando suspeitas de que um traficante foragido da Vila Cruzeiro poderia estar por trás da ação.
Já o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, afirmou que traficantes tiveram acesso ao Alemão pela Vila Cruzeiro. "Tenho informação de que um pequeno grupo de traficantes entrou no Alemão pela Vila Cruzeiro, de carro, desencadeando os fatos", disse, acrescentando que "nada vai ser consertado de uma hora pra outra depois de 30, 40 anos de abandono".
Alemão (Foto: Wilton Júnior/AE)Exército continua no Alemão (Foto:Wilton Júnior/AE)
De acordo com o comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio de Brito Duarte, o efetivo nos Morros do Adeus, em Bonsucesso, e Baiana, em Ramos, terá 120 policiais. "Vamos dar prioridade aos pontos altos e mais 11 pontos ao redor dos morros. São 120 homens que vão ocupar Adeus e Baiana dia e noite, por tempo indeterminado", disse o coronel.
Ao todo, de acordo com a Força de Pacificação, 1,7 mil homens do Exército e das polícias Civil e Militar, ocupam o Alemão. Arte com cronologia no Alemão - valendo (Foto: Arte/G1)

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